Falta
de lisura no processo eleitoral e disseminação do ódio são alguns dos motivos. “O governo que se iniciará no
próximo dia 1º tem como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância e a
violência.”
O PT e o PSOL emitiram notas, nesta
sexta-feira (28), comunicando que não participarão da posse do presidente
eleito, Jair Bolsonaro, no Congresso Nacional em 1º de janeiro. O PCdoB não
emitiu comunicado oficial, mas a deputada Jandira Feghali confirmou ao jornal O
Estado de São Paulo que a bancada do partido dela não comparecerá.
Embora afirmem respeitar o resultado legítimo das
eleições, os líderes do PT e PSOL entendem que o boicote é “ato de
resistência e protesto político”.
Alguns jornalistas da grande imprensa condenaram a
ação dos partidos. Maria Cristina Fernandes escreveu, no Valor, que o PT
“se ausenta de uma missão constitucional a ser exercida em nome do povo
brasileiro e não do governo eleito”.
Mas por que PT, PSOL e PCdoB não estarão na posse
de Bolsonaro?
Partido dos Trabalhadores -
Para o PT, as bancadas de vereadores e senadores não estarão presentes à
cerimônia de posse do novo presidente por não compactuar “com discursos e ações
que estimulam o ódio, a intolerância e a
discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como
instrumento da disputa política.”
A nota afirma ainda que “o ódio do presidente
eleito contra o PT, os movimentos populares e o
ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto
as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas
históricas do povo brasileiro.”
E que “o resultado das urnas é fato consumado, mas
não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico,
marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a
um programa de retrocessos civilizatórios.”
“Temos compromisso com o voto, mas não com a
utilização dele pra odiar, exterminar, excluir direitos do povo”, tuitou a
presidenta do partido, Gleisi Hoffman.
PSOL - Já a executiva do PSOL escreve que, além de ser um
ato formal da Justiça Eleitoral, a posse de um presidente é um momento de
festa. “Mas para o PSOL não há nada a comemorar.”
O partido afirma que será resistência desde o 1º
dia do governo Bolsonaro, nas ruas e no parlamento, já que “o governo que se
iniciará no próximo dia 1º tem como princípios o ódio, o preconceito, a
intolerância e a violência.”
A nota do PSol explica ademais que “é sempre
bom lembrar que tramita contra Bolsonaro na Justiça Eleitoral ação que pede a
cassação de sua chapa. Os crimes eleitorais dos quais é acusado – dentre eles,
uso de recursos empresariais para disseminação de mentiras em massa via
redes sociais – precisam ser investigados. Sua vitória, além de se
assentar no medo e na desilusão com o sistema político brasileiro, também se
deve à fraude promovida pelas mentiras disseminadas contra seus
adversários.”
PCdoB - Embora o PCdoB não tenha divulgado nota oficial explicando os motivos de não
comparecer à posse, a deputada Jandira Feghali disse ao jornal O Estado de S.
Paulo que a decisão é política.
Segundo Feghali, os parlamentares do PCdoB devem
prestigiar a festa dos governadores eleitos que tomam posse no mesmo dia. São
eles Flávio Dino, no Maranhão, e os vice-governadores Luciana Santos, no Pernambuco
e Antenor Roberto, no Rio Grande do Norte.
Confira a íntegra das notas do PT e PSOL:
PT não participará da posse de
Bolsonaro no Congresso
O Partido dos Trabalhadores nasceu na luta da
sociedade brasileira pelo restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase
quatro décadas de existência, o PT sempre reconheceu a legitimidade das
instituições democráticas e atuou dentro dos marcos do Estado de Direito;
combinando esta atuação com nossa presença nas ruas e nos movimentos sociais,
aprofundando a participação da sociedade na democracia.
Participamos das eleições presidenciais no
pressuposto de que o resultado das urnas deve ser respeitado, como sempre
fizemos desde 1989, vencendo ou não. Mantemos o compromisso histórico com o
voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo
eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela
proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação
criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando
Haddad.
O devido respeito à Constituição também torna
obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de
destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil. Da
mesma forma denunciamos o aprofundamento das políticas entreguistas e
ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação
já anunciada de históricos direitos trabalhistas.
O resultado das urnas é fato consumado, mas não
representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado
por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um
programa de retrocessos civilizatórios.
O ódio do presidente eleito contra o PT, os
movimentos populares e o ex-presidente Lula é expressão de um projeto que,
tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar
as conquistas históricas do povo brasileiro.
Não compactuamos com discursos e ações que
estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais
práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo
isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo
presidente no Congresso Nacional.
Seguiremos lutando, no Parlamento e em todos os
espaços, para aperfeiçoar o sistema democrático e resistir aos setores que usam
o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos.
Fomos construídos na resistência à ditadura
militar, por isso reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa dos direitos
sociais, da soberania nacional e das liberdades democráticas.
Deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara
Senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado
Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT
Senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado
Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT
PSOL não participará da posse de Jair Bolsonaro
Como é de praxe, a bancada do PSOL na Câmara dos
Deputados e seu presidente nacional foram convidados pelo Tribunal Superior
Eleitoral para a posse de Jair Bolsonaro, no próximo dia 1º de janeiro, em
Brasília. A posse é um ato formal da Justiça Eleitoral, mas também é um momento
de festa. Mas para o PSOL não há nada a comemE
Como é de praxe, a bancada do PSOL na Câmara dos
Deputados e seu presidente nacional foram convidados pelo Tribunal Superior
Eleitoral para a posse de Jair Bolsonaro, no próximo dia 1º de janeiro, em
Brasília. A posse é um ato formal da Justiça Eleitoral, mas também é um momento
de festa. Mas para o PSOL não há nada a comemorar.
O governo que se iniciará no próximo dia 1º tem
como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência. Bolsonaro
e seus ministros desprezam os direitos humanos, a soberania nacional, a
democracia e os direitos sociais. Defendem a criminalização dos movimentos
sociais e o cerceamento à livre organização política; idolatram a natureza
autoritária e criminosa da Ditadura Civil-Militar; defendem a entrega das
riquezas e patrimônio nacionais aos Estados Unidos; desprezam os direitos das
minorias; atacam a liberdade de imprensa e a liberdade de ensino. Bolsonaro
representa o atraso em todos os sentidos. Por isso não há razão para comemorar.
Ademais, é sempre bom lembrar que tramita contra
Bolsonaro na Justiça Eleitoral ação que pede a cassação de sua chapa. Os crimes
eleitorais dos quais é acusado – dentre eles, uso de recursos empresariais para
disseminação de mentiras em massa via redes sociais – precisam ser
investigados. Sua vitória, além de se assentar no medo e na desilusão com o
sistema político brasileiro, também se deve à fraude promovida pelas mentiras
disseminadas contra seus adversários.
Por essas razões, o PSOL não comparecerá à posse de
Jair Bolsonaro. Estaremos nas ruas, desde o primeiro dia de governo, defendendo
a democracia, os direitos do povo brasileiro e a soberania nacional contra
aqueles que querem fazer o Brasil retroceder a 1964. Seremos resistência, desde
o primeiro dia do governo Bolsonaro, nas ruas e no parlamento, em defesa do
povo brasileiro.
Executiva Nacional do PSOL
https://www.brasildefato.com.br/2018/12/29/entenda-por-que-pt-psol-e-pcdob-nao-participam-de-posse-de-bolsonaro/
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